O conceituado músico angolano, Paulo Flores, concedeu este sábado (20), uma entrevista ao jornal português “Público”, onde falou sobre o seu novo disco “Bolo de Aniversário”, a ser lançado em Maio, bem como a sua preocupação em relação aos problemas que os angolanos enfrentam neste momento.
Paulo Flores revelou que esta sua nova obra discográfica aborda alguns dos actuais problemas de Luanda e é também um disco mais dançante:
“Este disco acaba por ser um pouco mais temático, no sentido em que fala do que está a acontecer em Luanda nos dias de hoje. Mas é também um disco mais dançante, onde eu voltei a uma receita que fazia no início, com a kizomba, que veio antes do semba, em que as pessoas dançavam as músicas e só depois de dançarem é que começavam a ouvir bem o que eu estava a dizer”, referiu
O músico faz também uma comparação entre a sua anterior obra “O País Que Nasceu Meu Pai” e a que está prestes a lançar, realçando que neste seu novo disco, a preocupação já não passa pela passagem de testemunho para as novas gerações, e sim, mostrar que as coisas mudaram, para pior:
“Nos discos anteriores, sobretudo em O País Que Nasceu Meu Pai, eu estava muito preocupado com o que nós deixávamos como testemunho para as novas gerações, porque sentia que podíamos perder referências e o país ficar desconhecido para nós próprios. Neste momento, como diz essa minha nova canção, Trabalho, o mundo mudou, o kwanza baixou, as pessoas não têm emprego, nem preparação para conseguir emprego, e Angola está outra vez de pernas para o ar. Como aliás era o meu medo, pela falta de todas essas referências na educação, na preparação das pessoas”, afirmou.
Paulo Flores apontou algumas medidas que devem ser postar em prática em Angola, para o bem da população:
“Essencialmente, que as pessoas deixem de pensar tanto nelas próprias e principalmente que o governo, as instituições, comecem a trabalhar com mais substância, a pensar de facto no que o povo precisa, como a saúde e a educação, que são as duas coisas que mais me preocupam por lá. Enquanto tivermos um povo tão afastado daquilo que se passa no mundo e no próprio país, tão distanciado do que é de facto a realidade, vivendo a maior parte da população apenas numa sobrevivência quase sem dignidade, acho que o futuro se apresenta triste e complicado”, concluiu.
Fonte: Jornal Público
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