A Agência Internacional de Energia Atómica pode ajudar a comunidade internacional no combate ao vírus zika, atingindo o mosquito transmissor, o “Aedes aegypt”.
O vice-director do departamento de Ciências e Aplicações Nucleares da agência, Aldo Malavasi, explicou sexta-feira como funciona a chamada técnica do “insecto estéril”.“Nós criamos em laboratório milhões de insectos, mas só trabalhamos com os machos, que são esterilizados ou com raio X ou com Gama”, explicou o cientista.
A esterilização, acrescentou, é feita numa fase intermediária, que não é nem a larva nem o adulto. O trabalho é feito na terceira fase do ciclo de vida do mosquito, que é a pupa. “Quando tratamos a pupa, a radiação rebenta o material genético. Embora o espermatozóide seja perfeito do ponto de vista fisiológico, ele tem um dano cromossómico, daí que se torne inviável”, salientou Aldo Malavasi.
Depois do processo de esterilização estar concluído, os cientistas libertam uma quantidade muito grande desses insectos na natureza, em número muito maior do que os insectos chamados “selvagens” que já estão no meio ambiente.
Aldo Malavasi disse que existe a probabilidade de os mosquitos fêmeas acabarem por acasalar com os insectos criados pela Agência Internacional de Energia Atómica, já que eles são em maior número.
O especialista explicou ainda que o processo de criação desses insectos estéreis é desenvolvido nos laboratórios da instituição, perto de Viena de Áustria. “Nós conseguimos produzir quase um milhão de insectos machos por semana”, revelou Aldo Malavasi, para quem a técnica também pode ser usada contra outros insectos, como a mosca tsé-tsé, que causa a doença do sono em humanos e animais.
O mosquito “Aedes aegypti”, que provoca a dengue, febre amarela, zika e chigungunia, é menor que um mosquito comum e tem a cor escura, com listras brancas no corpo e nas patas. Chama-se “Aedes aegypti” por ter sido identificado no Egipto. O nome significa “o indesejável do Egipto”.Curiosamente, somente a fêmea precisa de sangue humano para o seu desenvolvimento, enquanto o macho alimenta-se de frutas. Também apenas as fêmeas transmitem doenças.
O “Aedes aegypti” ataca apenas durante o dia, geralmente de manhã ou no final da tarde.
Índia testa vacina
Um laboratório indiano anunciou a elaboração de duas vacinas, uma das quais em fase de testes pré-clínicos em animais, que podem ser usadas para combater o vírus zika. “Somos a primeira empresa do Mundo a patentear vacinas contra o zika”, disse o director do laboratório indiano Bharat Biotech, Krishna Ella. “Há duas vacinas candidatas em desenvolvimento, das quais uma já está em fase de testes pré-clínicos em animais”, confirmou.
Esta semana, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que a epidemia do zika é um “acontecimento extraordinário” e uma “ameaça à saúde pública internacional”. A organização também citou a falta de vacinas, testes de diagnóstico rápidos e de confiança como uma grande preocupação.
A Organização Mundial Saúde indicou que 32 países e territórios têm casos de zika, dos quais 26 estão nas Américas, além de Cabo Verde, Maldivas, Fiji, Samoa, Ilhas Salomão e Vanuatu. O vírus teve a sua primeira aparição em 1947, quando foi encontrado em macacos na floresta zika, no Uganda. Ma foi em 1954 que as primeiras pessoas foram contamindas na Nigéria.
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