A Associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola (ANATA) e a Associação de Taxistas de Luanda (ATL) têm opiniões divergentes sobre o novo preço da tarifa de táxi. O único consenso é que a passagem, que não é alterada desde 2010, vai realmente subir.
O Rede Angola ouviu o presidente da ATL, Manuel Faustino, que confirmou que a partir de hoje os taxistas já podem cobrar até Kz 200 pela corrida que anteriormente custava Kz 100.
“Consideramos que a actividade de táxi também é liberalizada, que está fora do preço fixo do mercado, então achamos por bem liberalizar a tarifa na qual preferimos chamar a atenção dos nossos colegas para que não excedam o tecto de Kz 200. Quer dizer que o taxista está livre de cobrar pela sua actividade dentro dessa margem”, informa.
Já o presidente da Anata, Geraldo Wanga, quer reunir amanhã com o Ministério das Finanças para solicitar que o preço da passagem seja fixado em Kz 135.
“A subida dos preços é uma realidade à vista de todos nós. A nossa maior preocupação era regular o quanto deveria subir. Ontem estivemos reunidos e chegamos a um consenso de que o aumento deveria ser de Kz 35 para reajustarmos apenas o valor do abastecimento diário”, expõe.
Para Geraldo Wanga, “qualquer valor acima dos Kz 135 levaria os patrões a aumentarem a diária do Hiace, que é, actualmente, de Kz 15.000”.
O presidente da ANATA confirma ainda que durante esta manhã alguns taxistas já haviam subido as tarifas, alguns ameaçaram, inclusive, fazer uma paralisação.
“Alguns taxistas já estão a cobrar Kz 200 ou Kz 300. Também temos relatos que alguns jovens foram detidos por cobrarem além dos Kz 100. Hoje houve uma confusão na Samba e alguns jovens pararam seus carros, mas nós fomos chamados para intervir e agora a situação já está controlada”.
A ANATA, que controla cerca de 3 mil taxistas, diz que não defende uma paralisação dos profissionais mas reconhece que se não houver um reajuste no preço das passagens, será difícil “conter” as paralisações.
“Não devemos ter a paralisação como uma opção ideal. É o último recurso quando todas as forças forem descartadas, mas a Nova Aliança não garante conseguir controlar essa situação por muito tempo. As coisas podem sair do controle e comunicamos que essa situação é importante agirmos, tomarmos medidas preventivas para não tomarmos medidas correctivas”, alerta.
Preço ainda não decidido
Geraldo Wanga explica que o valor de Kz 135 não é em consenso com a ATL porque, segundo ele, “a Nova Aliança é dirigida por alguém que faz táxi e compreende as necessidades dos taxistas, já o presidente da ATL, não é taxista; ele é patrão porque tem os carros na via e parece velar pelos interesses dos patrões”.
“Infelizmente, os nossos associados não gostavam muito de nos aproximarmos porque o senhor da ATL não facilita a cooperação. É muito regionalista. Estamos preocupados porque as decisões tomadas em Luanda têm repercussão nacional e ele só pensa a nível do Cazenga”, diz Wanga sobre o presidente da ATL que é proprietário de uma frota de táxis que circula no município.
Por sua vez, Manuel Faustino diz que a decisão de aumentar a passagem para Kz 200 não foi negociada juntamente com a ANATA porque, segundo ele, não pode “falar com uma instituição que não é legal”.
“Primeiro tem que se legalizar depois chegar até nós. São indivíduos que a gente conhece, estão aí, são motoristas de táxi, não são proprietários e nós respeitamos, mas não temos o direito, nem o dever de partilhar com organizações não legais. Agora se o Estado ou alguma empresa achar que deve ouvir esses indivíduos nós não contestamos isso, mas não temos qualquer tipo de aliança com eles”, afirma.
Sobre a legalidade da ANATA, Geraldo Wanga, diz que estão ainda em processo de legalização, mas que já foram chamados pelo governo para conterem manifestações dos profissionais.
Não temos uma estrutura física ainda. Nesta altura estamos a negociar espaços, mas além dos três mil taxistas cadastrados, temos respeito entre os profissionais, razão pela qual quando teve a última paralisação o governo nos chamou para negociarmos”, declara.
Desde sexta-feira, o preço do litro de gasolina passou a custar Kz 160, contra os anteriores Kz 115. Já o gasóleo passou a custar, Kz 135, face aos anteriores Kz 90.
“O último aumento de tarifa de táxi foi em 2010. Desde aí tudo subiu e a passagem continua inalterada. Então é preciso ter um bom senso porque também somos trabalhadores”, alega o presidente da ATL.
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